Esse fim de semana tivemos a Parada do Orgulho GLBTS em São Paulo, talvez uma das maiores do mundo (descontando os excessos de participantes criados pela empolgação dos organizadores), e é uma das maiores hipocrisias nacionais. Explico.
Li em algum lugar, alguém que disse algo do tipo: “no Brasil temos a maior parada Gay do mundo, e um dos menores número de gays assumidos, diferente da Europa, onde as Paradas são menores, mas existe muito mais orgulho em ser gay”. Pois eu concordo. Nosso país é um país hipocritamente liberal, com seu “latinismo” caliente, onde tudo é possível. Mentira.
Tudo é possível, desde que se tenha dinheiro e se faça tudo às escuras, onde todos os gatos sõ pardos, ninguém é de ninguém, mas o dinheiro, poder e networking fazem os escândalos sumirem das manchetes dos jornais e revistas, veja o caso do Ronaldinho, que a Globo resolveu “limpar” a barra, como se fosse vergonha ficar com pessoas do mesmo sexo. Todo artista Global quando pego descoberto agride seu “prestador de serviços” e nega conhecer o que estava “contratando”. Puta pode. Traveco não.
Nossa pseudo tolerância brasileira para todas as culturas e opções não passa de falácia humanista e popularesca do imaginário nacional. Nosso povo não é assim, senão não teríamos Isabellas, Ronaldinhos, índios pegando fogo, presidiárias solitárias, ex-presidiários desempregados, velhos morrendo de solidão e pobreza.
Somos capazes de ajudar os desabrigados pelo terremoto na China, mas não movemos um músculo pelas crianças que fazem malabarismos nos semáforos das cidades “canarinhas”. Somos capazes de tolerar os judeus, árabes, ingleses, americanos, africanos, colombianos e outros povos, desde que possamos tirar algo deles, seja no poderio financeiro dos ricos, seja na escravidão dos pobres.
Nossa Tolerância com os “próximos” termina na proibição dos empregados domésticos de usarem a piscina dos condomínios brancos, ou da babá que cuida de nossos filhos de sentar-se à mesa no almoço, ou viajar na primeira classe junto com os patrões.
A tolerância desejada pela passeata GLBTS só será conseguida com uma coisa: educação! Sim, professores qualificados e bem remunerados, pais conscientes e que apóiem a instituição escola, um país que dedique política, dinheiro, esforço, honestidade na educação.
Os nazistas já provaram ao mundo que o desespero, ignorância e desinformação transformam qualquer povo do mundo em massa de manobra, imagine quando temos um curral eleitoral como o nosso o que não somos capazes de sofrer.
Nossa intolerância passa pela marca da roupa, da tintura do cabelo, do perfume, do carro, do CEP, da escola, da faculdade, etc. Quanto mais “qualificado” mais respeitado. Se for rico é homossexual, se for pobre é bicha ou viado. Se for rico é negro, se for pobre é preto, azulão. E assim por diante.
Nosso país traz misturas de diversos povos e culturas, com várias qualidades, mas se Darwin viesse aqui hoje, desconfiaria que em muitos casos a seleção natural escolheu os mais intolerantes, radicais e hipócritas. Não é isso que quero deixar a meus descendentes. Quero mais. Quero educação, saúde, emprego e TOLERÂNCIA às opiniões, opções, cor, profissão, saldo bancário. Quero tudo isso e arte, beleza, RESPEITO. Quero comida na mesa do povo. Não quero pão e circo, mas quero teatro, cinema, artistas populares e também os circenses e comida com qualidade.
Quero mistura e homogeneidade e unanimidade, mas não burra, mas de gente eudcada e inteligente, tolerante e que ame o país.
Essa semana foi a maior Parada GLBTS do ano no mundo.
Em 2009 queria mais orgulho e possibilidade de ser o que se deseja.
Quero tolerância, educação e arte.