sábado, 25 de julho de 2009

Crise de dicotomia

Conversando com uma boa amiga, discutíamos as diferenças de opinião e pontos de vista a que somos submetidos diariamente. Normalmente vemos o mundo de acordo com uma única lente, com aquela que traz as nossas verdades, nossas circuntâncias. E normalmente estamos cercados por pessoas que têm uma perspectiva parecida, tanto na vida pessoal como na profissional, pois buscamos os nossos semelhantes para convivermos.

Ocorre que de vez em quando, na frequência do cometa harley somos colocados diante de pessoas diferentes de nós, e pessoas por quem possuimos afeição razoavel, e que está inserida no nosso meio, elas meio perdidas nas nossas percepções e nós perdidos em suas visões.

Essas confrontações com nossos "pré-conceitos" é útil para reavaliarmos as nossas posições e dogmas e colocarmos à prova os outros, mas é imprescindível que estejamos preparados para esse tipo de proposta de mudança. De nada adianta colocar uma pessoa não preparada para discutir filosofia com Freud uma descrente em filosofia, ou mesmo física quântica com um cientista uma analfabeto funcional na arte da matemática.

Para que haja sorte é necessário ser a pessoa preparada no momento adequado, e até para termos a possibilidade de evoluirmos em nossos conceitos, mudá-los ou até mesmo sedimentá-los diante de inquisição dos porques trazidos pelo sopro de novidade de um pensamento diferente, é necessário estarmos abertos à novidade, assim como é necessário estar aberto ao amor para se namorar.

A sorte de encontrar uma pessoa com quem se possa manter um nível razoável de conversa já é complicado em demasia nos dias de hoje, e na era da comunicação e da internet em que cria-se vários guetos é muito mais complicado encontrar alguém que se possa manter uma conversar dicotômica, em que ambos têm argumentos razoáveis, mas diferentes sobre algum assunto.

Vivemos na era dos barulhos, em que encontramos nosso grupo em ambientes com tantos ruídos que nos impede de mantermos comunicação de boa qualidade por um tempo razoável. Somos qualificados por nossas profissões, posses, estilo de vestuário, mas não pelo nosso conteúdo, modo de perceber o mundo, opiniões pessoais.

Qualificamos as pessoas nos primeiros 30 segundos de conversa. Desejamos pessoas que se encaixem em nossos desejos íntimos. Colocamos empecilhos em quaisquer defeitos que percebemos nos outros. Não damos oportunidade de nos ensinarem um novo ponto de vista.

Somos tão presos aos nossos padrões, que esquecemos de dar chance aos outros. Mas quando isso acontece, rejuvenescemos nossas mentes e corações, trocando nossas lentes embaçadas pela gordura do tempo e a sujeira do preconceito. Mas isso é tão dificil. Mas vamos dar um passo, ouvir uma musica que não é o nosso padrão, ir a um lugar diferente, experimentar um tempero novo, beijar uma pessoa diferente do nosso padrão, e quem sabe possamos entender o outro melhor, e ver que o seu ponto de vista, mesmo quando não aplicado à sua realidade, também é verdadeiro e legítimo

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Crise de Férias

É interessante a sensação de estar em férias enquanto estão todos os demais estão trabalhando. Normalmente não desligo tão facilmente das coisas de trabalho, mas é um exercício interessante tentar se desligar das coisas de trabalho e da vida cotidiana... o rodo cotidiano, de acordo com o Rappa.
Férias servem, segundo os especialistas, para se recarregar as energias. 30 dias de descanso para suportar os outros 335 dias em que se trabalha 12 horas por dia. Para Domenico Demasi é um momento de criatividade, pois só no ócio se é capaz de relaxar, pensar, repensar, deixar os sonhos voarem, os neuronios exercitarem suas conexões menos utilizadas, é quando podemos pegar as estradas vicinais do pensamento e encontrar novas soluções para velhos momentos.
Fazia um tempo que não tirava férias, pois quando estava no momento de tirar férias, mudei de emprego e não tive direito ao merecido descanso. Logo, como os demais mortais não pude descansar, e passei um ano intenso desbravando novos horizontes na empresa. Chega o momento de descansar, mas devido à gripe, não posso ir à Argentina, EUA ou Europa, e ultimamente nem a Porto Alegre, pois corre-se sérios riscos.
Não posso viajar por motivos pessoais, estou num momento de transição para um novo patamar, para um novo desafio, e estou investindo forte nisso. Todas as minhas energias e economias estão direcionadas a esse aspecto.
Mas férias é mais do que esbaldar-se em um resort maravilhoso no Caribe (o que eu gostaria muito de poder fazer), é um momento de descansar a cabeça, renovar o espírito, deixar a mente nos levar por direções desconhecidas, viajar mesmo que seja sem pegar o passaporte ou cruzar as fronteiras da cidade.
Férias, é momento de prazer pessoal e descompromissado, de internar-se vendo todos os filmes da temporada, colocar os DVDS em dia, a leitura em ordem. É momento de amar-se mais do que responder os emails de trabalho. É momento de fazer coisas para contar aos netos, é momento do prazer descompromissado.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Crise de Gripe

Desde ontem à noite eu estou meio resfriado, fato esse agravado pela minha sinusite, que só lembro de tratar quando ela ataca com a gripe. Ou seja, praticamente não me trato para isso, algo que preciso tomar vergonha para fazer nas férias, e vou marcar.

Como não me sentia bem na empresa, resolvi seguir para um hospital, ser medicado, tomar uma injeção e poder voltar trabalhar amanhã normalmente. Pois não fui feliz na minha meta. Fui a 2 hospitais em SP, sendo um deles, de acordo com a minha irmã, referência para o tratamento da gripe H1N1 (ou gripe suína mesmo), pois a espera ultrapassava as 3 horas de espera, e isso em plena 2ª Feira às 15h00.

No Hospital referência a coisa estava mais crítica, pessoas com máscaras cirúrgicas, caras de assustadas e de desespero. Havia um que de apocalíptico no ar.

Claro, não fiquei esperando lá, pois não tive contato com pessoas contaminadas com o vírus, pelo menos que eu saiba. Não tenho todos os sintomas. No meu caso é um forte resfriado com sinusite, não preciso passar por aquilo, não agora.

Mas o que me deixou impressionado é a capacidade das pessoas estarem assustadas com os mais leves sintomas, mesmo que isolados dos demais, e achar que estão contaminadas pela doença. Talvez tal como a Cegueira do Livro do Saramago, esse momento seja o início de uma cegueira coletiva guiada pelo comoção geral, pelo medo de contaminação, de risco de morte. Estamos prestes a uma histeria coletiva, corroborada por atitudes populistas de dirigentes da saúde.

De acordo com as informações do Ministério da Saúde (não que sejam os mais confiáveis) a mortalidade é 0,4%, ou seja, a mesma da gripe normal. Esse pânico é desnecessário e fruto da ignorância, como tudo. Foi assim no começo da AIDS, por exemplo, em que a desinformação do "câncer gay" provocou uma onda de preconceitos contra os homossexuais. Assim está com os gripados e resfriados atuais.

Tenho medo do que pode acontecer, no caso de uma doença efetivamente devastadora, em que se transmite pela água, pelo ar, ou coisa que o valha, com grande capacidade de infecção e alto índice de mortalidade. Deveremos ter uma limpeza humana na terra, com uma onda de suicídios, diante do medo das mzelas que uma doença que pode trazer.

Da mesma forma que a ignorância é a chave da felicidade, pois percebe-se a alegria dos olhos dos ignorantes, que formam a base da pirâmide social proporcionalmente inversa ao brilho dos que estão no topo, a ignorância é também a chave do desespero para situações em que se precisa de um pouco de equilibrio.

Fico preocupado com os desdobramentos dessa doença, e o pânico que pode provocar na população, não só tupiniquim, mas em todas os demais povos que estão sofrendo com isso.
Não é apenas aqui no Brasil que percebe-se esse "desespero" mas nos países Hermanos também há essa preocupação. Deveria ter um certificado de como os governos devem agir em momentos de crise, como o que vivemos atualmente, com uma clara comunicação dos riscos, fatos, números, em que prevalecerá a honestidade e educação ao povo.
Acredito que o desespero dos brasileiros se deve ao fato de sempre acharmos que o governo não informa tudo, que não sabia de algo, que estamos sendo ludibriados, e que a verdade será revelada na próxima edição do jornal ou da revista semanal. Elegemos nossos governos, mas não cobramos postura moral. Temos medo que essa "marolinha" que traz preocupação à OMS se torne máquina eleitoreira e não seja adequadamente e tecnicamente, de acordo com os protocolos médicos.

Que a gripe H1N1 não passe de um alarme falso de ma crise da saúde mundial, mas que ela sirva para mostrar aos governantes o que se deve e o que não se pode fazer. Vamos fazer a nossa novena em templos lotados, e sem higiene para que não tenhamos uma doença grave nos próximos meses.

sábado, 4 de julho de 2009

Crise de vida On Line

Lendo a Revista Veja dessa semana, sobre os contatos on-line, e como os brasileiros lidam com as comunidades virtuais e com as amizades dali criadas. Acabamos dando mais importância às amizades virtuais do que as reais.

Eu tenho um pouco desse perfil. Sou tímido para manter as relações mais intimas, para me abrir os meus sentimentos mais íntimos às pessoas que me cercam, por isso uso esse blog. Por isso eu tenho amigos virtuais. Por isso gosto da internet.

De acordo com a revista a internet acaba com a solidão social, que te insere em comunidades comuns, te apresenta pessoas com gostos comuns, te permite participar de eventos sobre o assunto. Pode te proporcionar uma vida social.

Mas por outro lado, não te permite a aprofundar as relações interpessoais, pois acaba-se tendo muitos conhecidos, mas poucos amigos. Quantos você pode efetivamente contar, no fim das contas, se ficar sem dinheiro, sem fama, sem trabalho, sem saúde? Com quantas pessoas você pedirá apoio e receberá? Conta-se nos dedos da mão, se tiver sorte.

Eu tenho sorte. Tenho uma mão de amigos verdadeiros, que passei por crises, brigas, divergências, que moram perto, longe, logo ali e do outro lado do mundo. Tenho amigos virtuais, tenho amigos reais, tenhos colegas e conhecidos, em bits e em carne. Alguns com mais profundidade, outros apenas na epiderme. Muitos de nós com pouco tempo de se encontrar, pois trabalhamos demais, vivemos demais, amamos demais, e isso nos consome tempo, impedindo de termos contatos mais constantes.

Mas lendo a matéria, percebi que gasto tempo demais com as comunidades virtuais, o que não me deixa feliz, embora nunca tenha deixado de ter meus amigos de carne e osso, que eu amo e estimo como uma família escolhida a dedo e pelo destino, mas acabamos perdendo contato de uma forma ou outra.

Diminuimos a intensidade dos nossos relacionamentos, porque nos relacionamos em massa, como tudo nesse mundo, queremos mais, queremos tudo, queremos tudo e agora, queremos viajar por 30 paises em 15 dias, de onibus pela Europa, para nao parecer que deixamos algo para trás, queremos ver todos os blockbuster do cinema, todos os restaurantes estrelados da Michelin, queremos as peças de teatro da broadway, todos os CDs de Michael Jackson.

Eu decidi fazer um experimento. Vou me dedicar aos amigos reais. Aos virtuais, apenas os que já tenho contato. Não quero novos amigos virtuais, mas aproximar-me dos atuais. Não será fácil, mas será uma mudança.

E você, quanto você gosta dos relacionamentos fast-food?