sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Crise da Partida

Hoje começarei o Post de forma diferente, com uma citação de Camões:

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
O mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, as saudades. (...)”


Em diversos momentos da vida, precisamos nos despedir do presente, e dar um passo ao futuro. A decisão da partida não é fácil, sair da zona de conforto, das amizades contruídas, do relacionamento interpessoal, das funções e ações já conhecidas.

Despedir-se, dar adeus, um até logo seria dificil pelo simples fato de ter de abrir mão das coisas já conhecidas, mesmo quando não são tão boas assim, mas o organismo, a mente, o espírito já estavam prontos para aguentar o tranco.

Soma-se a isso o medo do desconhecido. Não conhecer os novos medos, os novos desafios, as pessoas em que conviveremos, o abismo que pode se apresentar a cada passo, a possibilidade de erro a cada gesto e palavra, ser analisado friamente pelos novos convíves, construir todos os relacionamentos do zero novamente.

Isso torna qualquer despedida muito mais complicada do que se pode supor, e isso ocorre desde o momento da decisão de partir a até o momento em que a saída ocorre efetivamente. Hoje a minha despedida é profissional, mas acontece em diversar situações: amoroso, afetivo, pessoal, familiar, etc. Mas um dia precisamos finalizar os nossos projetos para dar espaço às novas oportunidades!

Hoje dou um passo em direção ao desconhecido, tenho em mim uma mistura da tristeza da saída, e a alegria do desconhecido, a emoção por novos desafios, por jogar-me do avião de para-quedas, sem saber a altitude ou sem conhecer o equipamento de segurança, mas de fato nasci para isso! Meu brilho nos olhos só existe com os desafios, com o desconhecido, longe da burocracia diária, dos atos repetidos, dos erros comuns.

É preciso perder as amarras do corpo, para então ceder espaço às novas experiências, tirar a roupa velha do armário, renovar o visual, as idéias, aprender e apreender novos conceitos, reciclar é preciso para manter o coração batendo, e o cérebro pensando.

Que venham os novos amigos, as novas experiências, mas que o passado esteja marcado para que eu nunca esqueça os que me apoiaram, ensinaram, sorriram, choraram e conviveram.

Que este momento de despedida do passado, seja uma grande oportunidade de chegada!

Um grande passo para um homem é dado neste momento, talvez imperceptível para a humanidade. Mas Hoje é, para mim, um dia importante.

domingo, 22 de novembro de 2009

Crise de Post

Tem momentos que há tantas coisas mudando em nossas vidas que pouco resta para escrever. Não há, agora, um distanciamento necessário para racionalizar sobre os acontecimentos da minha vida e dos que me cercam.

Mas é certo afirmar que em alguns momentos tenho uma melancolia de tempos que não voltarão jamais, em que as responsabilidade eram menores, mas as amizades eram mais generosas e aplicadas e sempre ao lado. É tenho saudades dos amigos que não voltam jamais.

Enquanto digiro tudo isso, me dou o direito de calar-me por mais uma semana.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Crise de Amor

Dia desses conversava com alguns amigos sobre a existência ou não do amor e o que isso representaria em nossas vidas.

Eu sou cético com relação à existência de um determinado tipo de amor: entre os amantes. Entre um casal, independente da raça, credo ou opção sexual não há amor sem interesse.

Acredito, no amor entre familiares e amigos, desde que despidos de qualquer natureza de interesses comerciais, financeiros, ou de herança. Um pai ama incondicionalmente um filho e por conseguinte o seu neto. São amores que remotam ao momento em que não houve interesse promiscuo interferindo as relaçoes. É um amor de formação pura.

Quando falamos naquelas poucas pessoas que criamos laços efetivos de amizade, a coisa funciona com a mesma dinâmica, desde que não aja interesses outros que não a agrádavel presença da pessoa na sua vida, em que há pureza no sentimento, cuja interação surgiu por mera liberalidade e sincronia de energias. O amor entre eles nasceu puro e assim pode permanecer.

Entretanto, ao tratarmos de um casal, a coisa muda de figura. Não consigo vislumbrar um amor desprovido totalmente de interesses, que não o de convivencia. Há outros elementos no relacionamento, tais como, interesse sexual, de constituir família, de investir numa carreira, proteger-se da solidão, etc. São muito os elementos que regem um relacionamento entre um casal e um casamento. E todos esses interesses são o adubo, terra e semente daquele relacionamento.

É errado afirmar que um amor verdadeiro não pode nascer de um relacionamento nascido de interesse sexual. Quando se tira o tesão inicial, quando se imagina o outro numa cama, moribundo, precisando de ajuda, e não se tem duvida do desejo de estar ao lado, de ajudar uma vontade de cuidar, há, ali, um amor de verdade. É fato.

O amor, quando supera o inicio de visão turvada pelos interesses, quando se consegue abstrair das qualidades que ofuscam o menor defeito, quando começamos a delimitar pequenos defeitos da personalidade do parceiro, e mesmo assim não vemos a vontade de estar junto diminuir, estamos diante de amor. Caso contrário, teremos a máxima expressão da paixão, um sentimento regido por todas as qualidades que consiguimos enxergar, com prazo determinado (dizem que a paixão dura no máximo 3 anos) e que causa angústia ao coração.

O amor não é isso. É paz de espírito, confiança múltipla, é ver qualidade nos feitos, e conviver com isso. É despir-se de sexo, dinheiro e presente e vesti-lo com o futuro.

A minha história me fez ver que nem todos os envolvidos numa história de amor conseguem demonstrar na mesma sintonia e intensidade do sentimento. Um sempre ama menos que o outro, uma sempre envolve-se mais rápido que o outro.

Os meus relacionamentos me fizeram ficar cético com a existência de um amor duradouro. Talvez eles apenas tenham me preparado para um amor de verdade, com futuro promissor, em que terei vontade de cuidar no fim de vida, e com quem não saberia viver sem. Talvez aquela pessoa que cruzará meu caminho e me fará esquecer os anos que a solidão me acompanhou, em que me perguntarei como consegui sobreviver sem aquele sentimento na minha vida.

Vivo em uma das maiores cidades do mundo. Sou um cidadão cosmopolita, com acesso à informação e cultura formal de diversas formas, com acesso a pessoas bem sucedidas, inteligentes, e por isso mesmo, com um padrão de qualidade muito elevado. Busco a beleza interior e exterior, por mais que saiba que eu mesmo não estou num padrão tão elevado assim, não preenchendo todos os requisitos das fotos de propaganda e revistas de celebridades. Longe de mim. Tenho outros valores a agregar e entregar. Mas a primeira impressão é a que fica.

Mas claro, na busca de um amor, precisamos, sem sombra de duvida, de um interesse inicial. E é complicado preencher todos os requisitos de um cara cosmopolita. Perceba que não é uma situação pessoal, mas circuntancial das pessoas que me cercam, pois percebo a mesma ansiedade nos meus amigos e colegas.

Os amores que podem valer a pena, precisam de paciencia para quebrar o paradigma inicial, e mostrar que tem muito a oferecer. E que suas qualidades superam os requisitos da “ficha de inscrição”.

Talvez tudo isso mude semana que vem, quando posso cruzar com um amor para toda a vida, pois como disse um amigo: “o amor é como um jogo de memória, só tem fim quando todas as cartas corretas se encontram”. Espero que para mim o jogo ainda não tenha terminado.