sábado, 2 de outubro de 2010

Crise da Lei natural

Um dia ou outro acabamos nos separando das pessoas com quem convivemos, seja da família, seja dos amigos ou dos colegas de trabalho e isso ocorre por diversos motivos, pois temos uma vida agitada e deixamos de ver os amigos, porque mudamos de casa, de Estado ou de País. 

Partimos porque a vida nos leva para novos caminhos, tornando nossos encontros pequenas paradas em estações da vida, paramos, deixamos algumas pessoas, nos encontramos com outras e embarcamos no próximo trem, para mais uma escala de viagem. Algumas pessoas que achamos que ficaram lá atrás, percebemos que estão no mesmo trem, alguns vagões atrás, mais longe do que gostaríamos, mas nos acompanhando sempre.

Algumas despedidas são apenas momentâneas, pois encontraremos aquela companhia numa estação logo ali na frente, outras são eternas, em que vestimos nossas roupas de luto e deixamos rolar lágrimas de despedidas de quem nos é tirado no meio do caminho, sem pedir autorização ou dar adeus de forma correta.

A ordem natural da vida é que os filhos enterrem os pais e esses enterrem os avós, que enterram os bisavós, e assim sucessivamente... mas o que fazer quando a regra e quebrada? Como superar a dor da perda de um filho, quando se sabe que ele está no auge de sua juventude, com tanto a conquistar, conhecer, aprender, e às vezes até chorar? Como superar a dor da perda de uma jovem alma? 

Vejo pessoas desoladas enquanto choram seus cadáveres ausentes de rugas, com cheiro do leite na boca, com a virgindade de maquiagem no rosto ou sem ter experimentado o cheiro do pós-barba e não sei como confortar suas almas, o que dizer, além de desejar meus mais sinceros pêsames e rezando para que o seu Deus, independente da religião, consiga confortar aquela alma despedaçada e que um dia reduza a dor daquele coração a uma saudade intensa mas rodeada da alegria da memória dos bons momentos.

Lidar com perdas não é fácil, mesmo sabendo que ainda terá a chance de encontros ocasionais pela vida, em que se poderá retomar o relacionamento naquele exato ponto em que foi deixado algumas estações atrás, que em algum momento de vida tudo poderá ser reativado a partir de um café, um almoço, um encontro que pode ser mágico em diversos aspectos e nos salvar da solidão.

Contudo, as despedidas eternas que não nos permitem manter a esperança desses encontros casuais e mágicos e nos deixam tristes,  mas não podemos ficar desolados com a sensação de descontinuidade da vida. Precisamos olhar diante das lentes de tristeza que usamos nesse momento e ver que algum dia o céu voltará a ser azul, o sol voltará a brilhar e os pássaros cantarão novamente.

As despedidas são necessárias, mesmo quando não as desejamos, mas a superação é essencial para se continuar a viver, mesmo que no começo tenhamos a impressão de que nada vale mais a pena.