domingo, 26 de junho de 2011

As tribulações de Virginia

Ontem fui no teatro, ver uma peça de um grupo espanhol, chamado  Hermanos Oligor, que conta a historia sem final feliz de Virginia, que queria ser bailarina. Pois bem, dois momentos me marcaram na peça, mas falarei apenas de um, o outro é deveras pessoal.

Em um determinado momento da peça, o ator pergunta ao público qual foi o exato momento da sua vida que você se deu conta que não era mais criança, quando é que perdeu a ilusão do lúdico, em que percebeu que as coisas não era mais tão simples. O silêncio na platéia foi sepulcral, ninguém conseguiu responder.

Eu fiquei com a pergunta na minha'lma por toda a noite, embora estivesse envolto em tantas coisas na mente, não consegui esquecer. Eu sabia a resposta, eu lembro o momento, eu sei quando descobri que a vida não era mais uma fantasia, que as brincadeiras não aconteceriam mais da mesma forma, foi ali, naquele momento que perdi a inocência, foi ali que entrei no furacão, todos os meus passos me guiaram para onde estou hoje.

Até aquele momento meus passos eram apenas de evolução da infância, até ali eu cresci e vivi meus sonhos.... vivia o lúdico, brincava de guerra, paz, de ser famoso, rico, pobre e anônimo, era amado e amava quem eu quisesse. A vida de adulto não é assim, é cheia de altos e baixos, os monstros que habitavam debaixo da cama, agora estão na sala de reunião, na mesa da frente, do outro lado da linha. Agora fingir que sou rico impacta na fatura do cartão de crédito. Não sou famoso, nem sou anônimo. Já amei e fui amado.

O que mexeu comigo foi a possibilidade de manter a vida adulta lúdica, no meio do mundo corporativo. Será que essa liberdade poética está restrita aos músicos, atores e artistas em geral? Será que os mortais podem manter esse sentimento?

Sinto que estou no direito de me sentir sonhando novamente. Acreditar no amor, talvez seja esse o lúdico do adulto.