sábado, 17 de setembro de 2011

Onde você quer estar?


De acordo com a Madonna, não há mais tempo a perder, que é preciso decidir se você quer ficar no backstage ou se quer ser a estrela. Em Beats Go On, ela define a necessidade das pessoas em tomarem conta do rumo de sua própria vida. Basicamente não adianta esperar que os outros tomem as atitudes em seu nome, ou você vai e age ou então para de reclamar de que nada acontece.

Essa temática esta presente em algumas músicas da Madonna na era pós Cabala, mas também em outros artistas, e aqui só para mencionar uma das minhas músicas prediletas, Roxette, em Listen To Your Heart, diz que é preciso escutar o seu coração (aqui visto como seu sexto-sentido), antes que ele parta. É preciso tomar atitude, não ter medo de ser o que se quer ser ou se pode perder a chance de ser feliz.

Em regra temos muito medo de sermos o que realmente somos, e acabamos usando diversas máscaras, no trabalho, na família, na rua, no namoro. Deixamos de assumir o controle de nossas decisões porque isso pode não pegar bem, a sociedade pode não gostar, etc. É claro, isso faz muito sentido, quando você olha em volta e percebe quão hipócrita é a sociedade em que vivemos, que tem fama de liberal, com mulheres nuas no carnaval, mas que no fundo tem a festa pagã como um sopro de liberdade em nossa imaculada cultura repressora.

Queremos ser elegantes, cultos e modernos que nem alguns povos do chamado primeiro mundo, mas nos igualamos às tribos localizados nos lugares mais longínquos do mundo. Talvez até mesmo mais reprimidos.

Quando penso que é preciso escolher querer estar no backstage ou na frente é necessário saber que estar na frente é estar pronto para ser ponto de inveja, intrigas, fofocas. É preciso ter força para suportar uma sociedade como a nossa, em que o sucesso e o dinheiro é visto quase que como uma praga, é quase um crime, imposto por uma culpa católica histórica e quase histérica.

Quando escolhi sair do backstage, algum tempo atrás precisei aprender a lidar com uma timidez enorme, e romper com a culpa contrária ao sucesso, pois  lá não é o lugar de estar para as almas boas que tem lugar garantido no céu, diz a religião. É óbvio que a busca para tornar-se uma estrela deve ser baseada em princípios éticos fortes, chegando ao sucesso por méritos próprios e não passando por cima dos outros, mas não pode ser considerada como um castigo. Basta que tenha sido feita a escolha por estar em destaque. Mas e você, onde quer estar?

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

1 mês de Saudades


Hoje faz 1 mês que a minha vó faleceu, não houve comoção nacional, nem feriado, não teve a presença de ilustres convidados, nem de políticos, não veio a rainha, o rei, ou algum representante da realeza. Teve a presença da família e poucos amigos.

Ela não foi heroína, artista, poeta, cantora, não foi daquelas mulheres perfeitas representadas por Elizabeth Taylor, Marilyn Monroe ou Angelina Jolie, não salvou o mundo, nem fez uma revolução, mas foi a sua maneira heroína da sua vida.

Saiu do sertão carioca, que visitei dias atrás, e ainda hoje parece ter sido esquecido pela civilização moderna, pense nisso a 60 e poucos anos atrás. Arrumou emprego e virou mulher moderna. Trabalhou em fábrica, namorou, casou, teve filhos. Viveu o golpe militar, sobreviveu ao racionamento, criou dois filhos.

Decepcionou e para espanto da sociedade desquitou. Imagine-se em sua pelem vivendo numa cidade pequena do interior do Rio de Janeiro, acostumada a pompa, cultura e tradição, com os barões e baronesas, herdeiros da realeza e falidos, mantendo a pose.  Teve a sociedade contra, deve ter sido acusada, recusada, desdenhada. Mas sobreviveu.

Lutou, enamorou-se, apaixonou-se novamente. Após tanto sofrimento deu-se nova oportunidade de ser feliz, foi mais forte que muitos homens de grande  estatura e alta graduação acadêmica. Trabalhou, virou funcionaria pública. Ajudou filhos em momentos de dificuldade econômica. Financiou a mudança para São Paulo, nos ajudou, à sua maneira a vencermos.

Errou e acertou de várias formas com diversas pessoas, mas nunca deixou de viver a sua vida por sua conta e risco. Embora não fosse figura de fácil lida arrebanhou amigos pelo caminho que lamentam a sua morte com pesar e com a vontade de pedir para ficar mais um pouco, para quem sabe ter seu último desejo atendido, que ficará para sempre na intenção de alguém que não poderá ser redimido jamais.

Morreu como todos gostariam, dormindo, com semblante de paz, sabendo que era amada e respeitada pelos que a cercavam. Teve sua família perto, como deveria ser. Deixou amigos, como deveria ser. Deixou saudades, como deveria ser. Só não deixou mais um domingo de festa, como deveria ter sido.

Que você descanse em paz, como deve ser. Sentiremos saudades, com menos dor um dia, como deverá ser. Com amor, da sua família.