quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Crise de 1 ano morando sozinho

Ontem fez 1 ano que mudei para o meu apartamento e fui morar sozinho. De acordo com os padrões do primeiro mundo, sai um pouco tarde de casa, já que não precisei sair de casa para fazer faculdade, pós-graduação, trabalhar, etc., já considerando como padrão os países latinos, saí prematuramente do ninho confortável dos meus pais.

Saí de casa em condições muito diferentes de muitos amigos que saíram de casa casados, com uma infra-estrutura montada, lista de presentes em lojas famosas, comemoração, álbuns, etc., no meu caso foi sem comemoração, sem vídeos para a eternidade, sem lua de mel... um dia sai da casa dos meus pais e voltei para o meu apartamento.

Vivia na casa dos meus pais como um paxá, sem obrigações financeiras para o sustento do lar, encontrando roupas usadas milagrosamente guardadas, limpas e passadas no meu armário, a cama que deixei de arrumar ao sair pela manhã esticada e arrumada ao fim do dia. Comida caseira, TV a Cabo, internet de alta velocidade, e outros luxos de classe média.

A vida sempre foi boa. Mas como ser humano, sempre insatisfeito, deixei tudo de lado e fui seguir a minha vida de solteiro na cidade de São Paulo, claro que mesmo morando só tenho uma rede de proteção na casa dos meus pais, que é sempre um porto seguro quando as tempestades desabam sobre a minha vida, é lá que encontro o conforto e tranqüilidade para esperar a calmaria e abundância que seguem aos desastres. Minha aventura solitária é diferente de outros que saíram de casa e seguiram para quilômetros de distancia dos colos materno e paterno.

Entretanto, mesmo no meu caso, tive de aprender a lidar com a organização de uma casa. Chegar em casa cansado e ter de colocar a roupa para lavar, esperar acabar, e estende-la. Ir ao mercado comprar comida, produtos de limpeza, água, sob o risco de passar fome e morar no chiqueiro a encontrar os amigos para aquele happy hour que você precisava muito ir para beber e relaxar da vida diária. Foi agora que descobri quão caros custam os meus luxos, e ter de escolher entre comprar aquele objeto de desejo que está ali ao alcance do limite do cartão ou simplesmente pagar a TV a cabo, empregada, condomínio, luz, gás, IPTU, seguro da casa, do carro, dos eletrodomésticos, etc.

Cada dia descubro que preciso comprar um novo objeto para a casa que eu não sabia da existência a 12 meses atrás. Para que eu preciso de facas diferentes, potes, abridores, molhos, temperos, cremes, etc., se antes tudo se abria, limpava, organizava, cortava, cozinhava, sozinho??? Para que tantos carnes e contas?

Embora pareça pessimista, não é. Neste último ano, analisando diversos aspectos da minha vida, percebo que amadureci, fui obrigado, com certa dose de suporte familiar, a enfrentar o mundo e sua burocracia, a tomar decisões que dependiam de mim, não pude mais ficar apenas observando os outros tomarem decisão por mim. Precisei decidir, escolher e pagar. Precisei resolver.

Morar sozinho, embora mais caro do que viver na casa dos pais, ainda é vantajoso. Crescer se faz necessário. A liberdade se faz presente. A responsabilidade se torna obrigatória.

No balanço do que aconteceu, eu tenho a certeza de que os ganhos foram extraordinários, embora as perdas tenham sido grandes. Sugiro a todos... parabéns a mim por ter sobrevivido a 365 dias sozinhos em casa!

2 comentários:

André Sobreiro disse...

Meus parabens por esse ano de aprendizado. E como visitante logo no início dessa casa nova, vc se mostrou bastante hábil na manutenção de um lar sim.

Bjs

Cris disse...

Parabéns! O amadurecimento é a maior riqueza de todo esse processo! não fique em crise! rsrs