quinta-feira, 8 de setembro de 2011

1 mês de Saudades


Hoje faz 1 mês que a minha vó faleceu, não houve comoção nacional, nem feriado, não teve a presença de ilustres convidados, nem de políticos, não veio a rainha, o rei, ou algum representante da realeza. Teve a presença da família e poucos amigos.

Ela não foi heroína, artista, poeta, cantora, não foi daquelas mulheres perfeitas representadas por Elizabeth Taylor, Marilyn Monroe ou Angelina Jolie, não salvou o mundo, nem fez uma revolução, mas foi a sua maneira heroína da sua vida.

Saiu do sertão carioca, que visitei dias atrás, e ainda hoje parece ter sido esquecido pela civilização moderna, pense nisso a 60 e poucos anos atrás. Arrumou emprego e virou mulher moderna. Trabalhou em fábrica, namorou, casou, teve filhos. Viveu o golpe militar, sobreviveu ao racionamento, criou dois filhos.

Decepcionou e para espanto da sociedade desquitou. Imagine-se em sua pelem vivendo numa cidade pequena do interior do Rio de Janeiro, acostumada a pompa, cultura e tradição, com os barões e baronesas, herdeiros da realeza e falidos, mantendo a pose.  Teve a sociedade contra, deve ter sido acusada, recusada, desdenhada. Mas sobreviveu.

Lutou, enamorou-se, apaixonou-se novamente. Após tanto sofrimento deu-se nova oportunidade de ser feliz, foi mais forte que muitos homens de grande  estatura e alta graduação acadêmica. Trabalhou, virou funcionaria pública. Ajudou filhos em momentos de dificuldade econômica. Financiou a mudança para São Paulo, nos ajudou, à sua maneira a vencermos.

Errou e acertou de várias formas com diversas pessoas, mas nunca deixou de viver a sua vida por sua conta e risco. Embora não fosse figura de fácil lida arrebanhou amigos pelo caminho que lamentam a sua morte com pesar e com a vontade de pedir para ficar mais um pouco, para quem sabe ter seu último desejo atendido, que ficará para sempre na intenção de alguém que não poderá ser redimido jamais.

Morreu como todos gostariam, dormindo, com semblante de paz, sabendo que era amada e respeitada pelos que a cercavam. Teve sua família perto, como deveria ser. Deixou amigos, como deveria ser. Deixou saudades, como deveria ser. Só não deixou mais um domingo de festa, como deveria ter sido.

Que você descanse em paz, como deve ser. Sentiremos saudades, com menos dor um dia, como deverá ser. Com amor, da sua família.

Um comentário:

Daniela Petty disse...

Que lindo...