sexta-feira, 14 de junho de 2013

A Revolta do Vinagre

Os últimos dias em SP têm sido muito tensos. Um protesto que começou contra o aumento de R$0,20 na passagem do transporte público, transformou-se em um protesto sobre tudo: anti-corrupção, anti-repressão, anti-copa (e os bilhões investidos, sem o retorno adequado), anti-inflação, etc. A revolução ganhou um apelido graças à prisão de um jornalista que estava carregando um vinagre. 

De acordo com os relatos pessoas estão sendo presas e acusadas de formação de quadrilha, a polícia está atirando com balas de borracha, batendo em pessoas na rua teoricamente em resposta a uma depredação e comportamento ilícito dos manifestantes.

Hoje empresas liberaram funcionários mais cedo pelo rumor de que nova manifestação na Berrini, em frente à Rede Globo com destino ao Palácio dos Bandeirantes (sede do governo paulista). O Medo da força policial e do que poderia acontecer chegou na classe média, que se informa apenas para a TV. Confesso sou meio medroso para ir até a manifestação, que a princípio eu era contra, mas que está tomando um caminho sem volta.

Há momentos históricos de ruptura social. Podemos estar vivendo um desses, é só não deixar que essas pessoas virem massa de manobra de algum outro interesse excuso e partidário, mas espero que não.

Essas manifestações são fruto de um governo falido, do aumento da criminalidade, corrupção escandalosa, uma Copa do Mundo que não deixará legado. Os R$0,20 foi a desculpa que faltava, foi a gota dágua.

Devemos avaliar se o nosso contrato social com os governantes que estão hoje no Poder é o que desejamos de fato. Votar em troca de algo (bolsa família, alimentação, dentadura, vaga no governo) não  resolve nossos problemas. Eles fazem o que fazem, porque sabem que no fim do mandado serão reeleitos pela massa ignorante paga com o dinheiro público. 

Não investimos em educação e saneamento básico. Como vamos lutar?

Votar nas pessoas certas, pesquisar, discutir política e propostas eficientes ao invés de parar o país para assistir o último capítulo da última novela, ou ficar lendo fofoca no site do EGO.

O Voto deve ser o nosso primeiro ato de manifestação. Sou da época dos caras pintadas, que derrubou um presidente, mas que foi eleito como senador, anos mais tarde. Elegemos um palhaço (que tem se mostrado mais sério que outros políticos, mesmo sendo piada pronta), um pastor que odeia negros, gays, mulheres, católicos e qualquer um que não seja do seu grupo religioso, cultural, econômico e étnico para comandar a Comissão dos Direitos Humanos, e não fizemos nada.

Gostamos da corrupção, ou você nunca tentou subornar para não pagar uma multa, furou uma fila, jogou lixo na rua, usou carteira de estudante? você votou em quem está la, é um fato!

A Revolta do Vinagre, como estão chamando as manifestações, é talvez a primeira oportunidade que a geração X, Y e a próxima têm de mostrar sua capacidade intelectual e sua vontade de mudar alguma coisa.  Talvez seja a hora da turma do sofá e das curtidas do Facebook lançar o que pensam, porque não acredito que eles sejam tão passíveis quanto achávamos que eram.

A Polícia Militar de SP, o Governador, o Prefeito e a Presidenta me fizeram apoiar um movimento que não acreditava no começo. Daqui a pouco precisaremos pegar a tinta e pintar a cara novamente, porque só xingar muito no twitter não vai mudar muita coisa.

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