domingo, 29 de março de 2009

Crise do Não

Dia desses estava assistindo a um programa na TV e o tema era o "não" e a dificuldade em ser usado, tanto no dar e no receber. E desde então tenho pensando muito nisso.

A questão chegou a mim justamente quando estava recebendo um não, de uma pessoa que prezo muito, mas que precisou me dar o não. Imagino o quão dificil deve ter sido esse processo de decisão e falar o não, tentando arrumar desculpas que pudesse magoar menos, deve ter arrumado várias razões para convencer-se de que aquele não deveria ser dado, e que ele deveria vir revestido de razões lógicas.

Quando eu recebi o não tive de respirar fundo, e aceitar com a desculpa que realmente aquilo era a melhor forma, que a rzão revestia a decisão de uma assertividade rara. Com um sorriso no rosto, mas o coração em pedaçoes precisei seguir meu caminho. Mas claro isso não desceu bem, um pedaço de mim não conseguiu aceitar. E ela percebeu, mas não pôde fazer nada para mudar a palavra jogada.

Normalmente quem dá um não tem tempo para decidir seus motivos, e como falar. Quem recebe não tem tempo para nada.

Na nossa cultura latina, temos tanto medo de magoar as pessoas que simplesmente não sabemos usar a objetividade do sim e do não, pelos simples motivos que devemos dize-los, na liberdade do seu significado, sem desculpas, precismos fazer rodeios, explicar tudo de tal forma que acabamos escolhendo as piores desculpas e as que provocam os maiores danos.

Exigimos que os outros entendam nossos desejos e motivos, e quando não acontece a contento, não conseguimos suportar e ficamos magoados com a reação.

Quando vamos terminar um romance, não dizemos simplesmente "acabou"! Dizemos que a vida, nossos objetivos, nosso trabalho, família, o sol, as férias, a roupa, o tudo, e colocamos numa mesma bandeja senvindo ao "abandonado". Não conseguimos admitir que o amor acabou.

Quando cansamos de algo, precisamos de tantas desculpas, que consomem nosso tempo sendo que poderíamos simplesmente dizer: não obrigado. Mas não queremos, não podemos e achamos insoso não desculpar e motivar.

Ainda estou superando um não, e tentando dar um outro, mas tudo isso é um processo longo.

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