segunda-feira, 22 de abril de 2013

Amor à Primeira Vista

Será que existe AMOR à primeira vista?

Não o de pai, mãe, irmão e da família, a quem amamos, na maioria das vezes, a partir do primeiro suspiro, embora às vezes com uma intensidade reversa, com drama, charme, e afins... é um AMOR incondicional.

Não to falando, tampouco, do AMOR por amigos de quem você descobre uma identidade imediata, um gosto parecido, uma atividade em comum, e que conforme você vai conhecendo, e mesmo os seus defeitos, vai amando mais.... atura as birras, se desentende, mas mesmo assim ama, sem medo e sem interesse de nada além da amizade e companheirismo...

Tampouco estou falando de paixão e tesão, daqueles que se desgastam após a primeira manhã acordada juntos, antes do café da manhã, ou mesmo do check-out do motel barato. 

O que me importa e interessa agora é outra coisa... é AMOR  daqueles que te fazem brilhar o olho na primeira cruzada, que te faz estremecer de sentir a primeira fragrância, te arrepia ao primeiro toque... e que mesmo assim você não quer acabar com isso na cama, não como fim, mas como uma consequência que acontecerá naturalmente em algum momento. 

AMOR à Primeira Vista é aquele sentimento que vem sem hora, endereço, adereço ou requisição...é aquele querer bem instantâneo, de quem nem sabe o nome, é a falta de ar e taquicardia imediatas, é rezar para que aquele segundo se prorrogue por toda a eternidade.

Alguns poetas já trataram desses amores à primeira vista. Outros autores transformaram-no em comédia ou dramas. Romeu e Julieta (W. Shakespeare) tem todo o seu romance traçados a partir de uma festa, um olhar, e talvez seja a melhor definição desse tipo de AMOR  e foi brilhante nisso, embora precise confessar que até algum tempo atrás seria incapaz de defender Romeu e Julieta.... que aliás achava um romance adolescente sem conexão com a realidade, de inocência pueril inexistente nos dias de hoje.

Amar é insensato, é fora da lógica, é irracional, porque se fosse diferente não seria AMOR  poderia ser um relacionamento por interesse, uma paixão lógica, uma relação profissional... mas não o AMOR. Descrever o AMOR à primeira vista é quase impossível sem a poesia. Carlos Drummond de Andrade já disse que "Se você sabe explicar o que sente, não ama, pois o AMOR foge de todas as explicações possíveis"... assim é o AMOR de primeira vista: sem explicações.

Amar não é para profissionais, pelo contrário, necessita de uma boa dose de inocência e de fé. De dar-se oportunidade, de permitir-se ficar indefeso, e mesmo assim estar feliz com a vulnerabilidade. 

Amar à primeira vista necessita de.... não precisa de nada, apenas de um coração aberto, da chance e da pessoa certa... e dar oportunidade à felicidade. AMAR à primeira vista é dar a chance de inesperadamente ser feliz.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

A Cultura da Desculpa

É normal, no Brasil e em países de cultura predominantemente católicos, colocarmos a culpa dos acontecimentos nos outros, gerando sempre desculpas que nos absolvem de nossos atos e evita punições. 

Estamos em pleno julgamento do caso Carandiru, com uma velocidade enorme de 20 anos para ser julgado, e ouvimos do Governador da época que embora ele não tenha dado a ordem, teria feito, com a desculpa que nada mais era possível em termos de negociação. Talvez ele esteja certo, talvez não. E não considero que quem estivesse lá fosse bonzinho, inocente ou coisa do tipo, mas o ponto é: a desculpa pelo ato é o público que estava lá dentro. Não assume a culpa que houve excessos e ordem para matar.

Ok, esse é um tema muito delicado, não tenho acesso as provas, nem estava la. Vamos reduzir o escopo então. Atentado em Boston. O Governo Americano não se desculpou pelo ocorrido. Ele agiu. Viu que há erros, que precisa reforçar a segurança, e prestou solidariedade às vítimas com eficiência e competência. Há mais os americanos não são comparáveis, são hipócritas, uma sociedade decadente, um império em ruínas odiado por diversas culturas. Ok, vamos reduzir o escopo novamente.

Normalmente no Brasil nós colocamos a culpa pela nossa pobreza porque Deus quis. Que nossos políticos são corruptos, porque os partidos permitem isso. Que nossa carreira não progride porque o chefe nos persegue.

Em outros países, se você é rico, e normalmente é possível ter uma confortável vida como fruto do seu trabalho, não há culpa nisso, nem há também uma superexposição dessa condição. Você apenas usufrui do conforto que lhe é permitido pagar. Se você é pobre há, em sua grande maioria das vezes, a oportunidade de mobilidade social, mas a culpa não é de Deus, mas talvez do sistema, do capitalismo, da educação, etc., mas o que importa é que eles não ficam se lamentando, trabalham para mudar.

Os nossos políticos não são corruptos por culpa dos partidos. O Feliciano, Maluf, José Dirceu, Lula, Tiririca estão no Poder, representando o povo, não porque os partidos quiseram assim mas porque o povo, sim meu caro, você mesmo, votou nesses caras. Não adianta culpar alguém para ter direito à desculpa de ser representado por esses caras em Brasilia, ou nos paços Estaduais ou Municipais. Para de pedir desculpas e assuma sua responsabilidade. Vote Limpo.

Sua carreira não progride, a empresa não paga seus treinamentos? Já avaliou se você está fazendo certo? Se você tem o perfil da empresa e da profissão? E se sim, o que falta? Estudar inglês, fazer uma pós, MBA, etc., isso não é responsabilidade da empresa, isso é sua responsabilidade.

Você está com saudades de alguém? Ligue. Mande SMS, e-mail, fumaça... mas para de desculpar-se pela falta de tempo... talvez haja falta de interesse mesmo.... assuma isso. Há momentos em que as agendas são difíceis, há incompatibilidade de horários, fuso horário diferentes, mas nada que o whatsapp ou skype não resolva... até o Facebook tem chat com câmera. Então dá para ver, falar, contar as novidades.

Brigou com alguém e quer desculpas? Porque não dar o primeiro passo? Está apaixonado? Porque não se declarar? Quer um novo emprego, procure! Uma promoção, trabalhe. Um país decente, vote limpo, seja voluntário, não jogue lixo na rua, não corrompa nem permita ser corrompido, não fure fila... mas pelo amor de Deus não peça desculpas por morar num país sujo (na rua e no Congresso). Se por algum motivo a sua culpa deve valer para algo é para mudar....

Na minha academia tem uma menina que é cega... ela tinha todos os motivos para desculpar-se e culpar-se por sua suposta "condição especial".... mas não, é uma menina como outra qualquer na sua idade e que é vaidosa, quer ser saudável... e o mais incrível é que apesar de já fazer uns dias que a encontrava, apenas semana passada percebi que sua diferença, até aquele dia, apenas tinha visto uma menina com um sorriso no rosto que contagiava. Ela não usou a desculpas.


Michael Jackson foi muito feliz na música Man in the mirror, quando diz para olhar-se no espelho e tomar a atitude para mudar o mundo.

(http://youtu.be/YJsxtJEy87Q#aid=P7_Z6dnq1aA)

terça-feira, 9 de abril de 2013

O PESO DO SONHO

E depois de séculos, deixo de escrever no Face, para postar no meu mundo particular, onde deixo as pessoas entrarem, desde que façam com respeito.

Dias atrás tomei a difícil decisão de abandonar meu curso de teatro. Alguns podem chamar de fraqueza, outros que não termino nada que começo, que falta foco, etc., mas sabe, esse é um sonho particular que não tá no seu tempo de ser realizado ou talvez não dessa forma.

Os meses que passei no Macu (para os que não são íntimos: Escola Macunaíma) me ensinaram sobre pessoas mais do que anos de terapia. Tive a sorte de encontrar pessoas que me encantaram com sua colorida alma carregada de histórias que me fizeram crescer em tal proporção que não imaginava no dia que me matriculei. Sabe aquela frase "as coisas boas acontecem com o tempo e as melhores acontecem de repente?" então... foi isso... o teatro me fez, sem avisar ou pedir licença, numa intensidade enorme, tomar consciência da beleza d'alma humana que havia deixado de enxergar.

Foi o teatro que me fez parar e ver o que era importante para mim. O que realmente vale a pena. Quem vale a pena. O que precisa ser dito, por mais difícil que seja dizer, e por mais que isso possa parecer um desnudamento d'alma é algo tão imediatamente urgente que não é possível escapar dessas verdades e palavras.

Foi olhar de uma forma artística para a vida, por meio das aulas do teatro, na arte de interpretar a vida do outro, de fazer seu corpo agir de acordo com a situação, que me fez ficar mais próximo da realidade, e isso de uma forma estranha. Foi ali no palco que aprendi e reparar em mim, na minha alegria e honestidade comigo mesmo. Foi naquele santo espaço do tablado, onde enganar é a profissão que olhei mais honestamente para os olhos que me encararam em cena, sob uma ótica de cumplicidade instantânea de um nascimento fulminante.

É na expressão artística que encontrei o meu espaço e minha verdade, em que aprendi a encarar mais leve a vida. 

É por um amor incondicional à arte que precisei sair do teatro por motivos que posso ficar falando por dias e dias, mas que se resume a uma palavra: "RESPEITO!":

  1. Respeito à arte de interpretar, e aos monstros sagrados e Deuses do teatro;
  2. Respeito ao palco, que nos provoca um transe e catarse que não se encontra às vezes numa igreja;
  3. Respeito aos colegas de palco, que trabalham para realizarem seu sonho;
  4. Respeito ao dom de quem pode atuar de forma tão natural que faz do agir do personagem uma ação sua, e ao meu dom e prazer de escrever e da minha forma orgânica de expressão;
  5. Respeito a mim, que embora sonhe com isso com diversas formas de expressão artística, preciso focar nas coisas mais urgentes da vida cotidiana;
  6. Respeito aos mestres da arte de atuar que conheci nesse rápido período.
Sonhar com a possibilidade de expressar-me pelo teatro continuará existir em mim, mas apenas quando eu puder viver esse sonho plenamente, então voltarei a posar novamente num palco. Por ora, viverei meus sonhos e amores mais urgentes, que me proporcionam toda sorte de felicidade que eu posso ter. Até lá fico como um simples espectador das histórias da vida, com a saudade de um sábado a tarde, que não deixará de existir nos meu coração.