domingo, 9 de dezembro de 2007

Crise de arrumação

Todo fim de ano passo por um processo semelhante: arrumar o armário para o Reveillon! É um ritual antigo e aprendido na família, e repetido algumas vezes durante o ano, e sem sombra de dúvidas no mês de dezembro.
O processo externo é simples: olhar as roupas, separar as que não uso mais (se ficou mais de uma estação sem usar, não usarei mais) e separar para doação, fazer o mesmo com os sapatos, fazer lista de compras de itens a serem repostos (quando necessário) e limpas a pasta com documentos e recibos de pagamentos, cartões de crédito, etc. e arquivas numa pasta de arquivo morto para os próximos 5 anos do ue for necessário.
O processo interno é mais complicado. Analisa-se o que foi planejado para este ano e o que foi alcançado, o que não foi, é necessária uma reflexão dos motivos, separar os bons acontecimentos do ano, guardar na memória, pegar as mágoas e queimar, olhar para trás e arrepender-se do que não tive coragem de fazer, falar, entender ou aprender.
Essa parte é sempre a mais complicada, pois é necessário entender que somos falíveis, imperfeitos e humanos! Sim, até chegarmos aos 30 anos temos muitas certezas na vida, somos infalíveis, super inteligentes, com todas as respostas aos problemas do mundo... mas ae vemos que não é bem assim e que erramos também.
Acho que a infalibilidade da criança em achar as respostas para os problemas do mundo é porque ela ainda não foi tolhida pelo mundo, pelas regras sociais, pelas mágoas, pelos pedações de coração que deixou pelo caminho, a inocênncia perdida pela filhadaputagem dos companheiros de escola, faculdade e trabalho.
Hoje sou mais cético com as pessoas e as coisas, mas ainda acredito na humanidade, acredito em mim e no meu poder de mudança das coisas ao meu redor, mas hoje acredito muito mais que eu sou capaz de errar. E arrumar o meu armário de roupas, me ajuda a arrumar meu armário de esqueletos que carrego n'alma.

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